quarta-feira, 1 de julho de 2020

EVIDÊNCIA SECRETA

Quintana me ensinou
A não datar meus poemas
Se ainda os assino

É por pura vaidade

Há poesias que tardam
Meses, às vezes anos
Para serem escritas
Outras nunca são conclusas
Continuando incompletas
Dentro do coração de poeta

E o que escrevo não é nada
Comparado ao que nunca escrevi
Versos que surgem em mim
Rarefeitos, e depois desaparecem
Mais rápido do que a mão
Poderia acompanhar

A poesia é o que permanece
E também tudo que se esvai
Evidente e secreta
Brincando entre dedos


Geraldo Ramiere

      IMAGEM: Ilustração de Jonathan Wolstenholme

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