terça-feira, 30 de junho de 2020

O JARDIM DE OMAR


IMAGEM: pintura de Raquel Taraborelli.

Apesar de sermos vizinhos há anos, eu e Omar nunca nos falamos. Uma vez trocamos sorrisos. Descobri que era jardineiro quando a pandemia passou. Depois do fim da quarentena, o síndico bateu em nossa porta: o Omar havia morrido de aneurisma e me deixou um presente. Quando entramos, seu apartamento estava repleto de vasos com diversas plantas e flores. E ao abrir as janelas, avistei aquele terreno baldio. No dia seguinte chamamos os moradores, mesmo quem não conhecíamos. A maioria ainda não tinha saído e mantinha o medo por meses cultivado. Alguns dias após retirarmos o entulho, terminamos de construí-lo. Hoje é cuidado por todos. E nos fins de tarde em que sento-me próximo aos gerânios e gardênias, olho para as janelas e me sinto como Omar, contemplando seu jardim.


por Geraldo Ramiere

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