quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O CANTO DOS UTÓPICOS

O CANTO DOS UTÓPICOS

Não nos calarão
Mesmo que arranquem todas as vozes
E emudeçam todos os olhos
Mesmo que enterrem a história
E digam que tudo mais está morto
Não, não nos calarão
Pois assim é nosso canto
Um canto feito não apenas
De versos e cordas vocais
Mas sobretudo
De desejos e braços
Necessidades e pés
Estômagos, sentidos e corações
Este canto há tempos cantado
Ecoado por eras
Entre manhãs incandescentes
E noites luminosas
Está em nós
Nas vozes de muitas e muitos
Nossos sonhos são nosso canto
Por isso, não nos calarão
Nem as botas dos batalhões
Ou a tirania dos poucos
Em golpes e retrocessos
Serão capazes de esmagar
Este nosso grito
Este nosso canto
Que disfarça-se de silêncio
Sobrevoa telhados
Camuflado entre nuvens
Para depois entoar
Como chuva de primavera
O reflorescer dos que não desistem
Este é o nosso canto
Que também é lugar
Um país, uma cidade, uma casa
Qualquer morada
Onde nos encontramos
E unidos, cantamos, juntos
Por liberdade


  Geraldo Ramiere

IMAGEM: Ciranda

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