SE O AMOR ESCREVESSE POEMAS
domingo, 31 de outubro de 2021
SE O AMOR ESCREVESSE POEMAS
SE O AMOR ESCREVESSE POEMAS
sexta-feira, 27 de agosto de 2021
DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO - de Geraldo Ramiere
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segunda-feira, 26 de julho de 2021
Publicação do Livro de Poemas DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO de GERALDO RAMIERE
Gente querida, sou Geraldo Ramiere criador deste blog literário e autor dos seus textos. É com imensa alegria que venho compartilhar publicação do meu primeiro livro, DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO (poemas), pela editora Viseu (2021). Muitos dos textos aqui publicados fazem parte do livro.
quarta-feira, 16 de junho de 2021
VERSOS EM DIÁSPORAS
VERSOS EM DIÁSPORAS
Fugindo de
guerras ou da pobreza
Com medo de
morrer, de ser presa
Ao passar
escondida numa fronteira
É quem enfrenta
cercas e muros
Ou a criança que
morreu afogada
Quando tentou
atravessar o mar
Junto com a
família inteira
O poema é um
imigrante ilegal
Fugindo para não
ser deportado
Tentando
recomeçar a vida
Numa hostil
terra estrangeira
É alguém em
trabalho escravo
Enganado por
falsas promessas
Ou quem sofre
com a intolerância
De uma sociedade
em cegueira
Nós somos versos
em diásporas
Refugiados pelo
mundo afora
Sobrevivendo e
se encontrando
Cada qual a sua
maneira
Mas a maioria se
esquece
Que todas as palavras
já migraram
Nem que seja em
suas origens
E de imigrantes
são herdeiras
Geraldo
Ramiere
quarta-feira, 2 de junho de 2021
FLORES DO ALVORECER
segunda-feira, 17 de maio de 2021
BUSHIDO
Já estava quase encerrando seu horário quando ligaram para realizar uma última entrega. Somente quando pegou a encomenda viu que o endereço ficava no outro extremo da cidade. Apesar do cansaço e preocupado com o tempo que começava a se fechar numa escuridão cinza, cumpriria aquela tarefa antes de voltar para casa. Com todo cuidado guardou o pacote no porta-objetos da moto, afivelou bem o capacete sobre a nova máscara e seguiu a rota planejada. Por ser fim de tarde pegou justamente a hora do rush.
Através do trânsito intenso acelerava, mas
sem imprudência. Nesses tantos anos como motoboy feriu-se apenas uma única vez
e mesmo assim não foi culpa sua. A barbeiragem de um motorista bêbado que fugiu
sem prestar socorro lhe custou duas costelas quebradas e um mês acamado sem receber
salário. Em seu coração não restava raiva ou rancor, mas desde então sua
cautela era maior do que nunca. Escapava do congestionamento driblando
automóveis feito um bailarino. Com a pandemia os pedidos aumentaram bastante,
ainda mais nestes dias de lockdown, disso não podia reclamar, contudo, a
maioria das pessoas parecia estar mais impaciente do que antes, inclusive no
trânsito, fazendo de cada dia uma batalha diária, a qual enfrentava sem medo.
Seus colegas de profissão ansiavam agitados diante do semáforo enquanto ele aguardava
com calma a abertura do sinal vermelho que jamais furou. Lógico que tinha
receio de ficar doente, principalmente por sua família, porém, no momento não
havia outra opção a não ser trabalhar tomando todos os cuidados e pedir
proteção em suas orações.
Começava a chover com intensidade. Para
chegar mais rápido e fugir de outros engarrafamentos, pegou um atalho que
conhecia. Às vezes pensava em mudar de profissão, sobretudo pelos riscos,
entretanto, sabia que aquele trabalho era muito importante para muitas pessoas,
especialmente naquele momento em que a maioria precisava permanecer em seus
lares o quanto pudesse. Sentia-se honrado por isso. Oculto no buraco camuflado
pela poça d’água, não havia como ver aquele pedaço pontiagudo de vidro rasgando
um dos pneus. Na hora manteve a tranquilidade e, sem frear, conduziu a moto até
um canteiro gramado. Apesar daquela situação, agradeceu por ter evitado uma
tragédia maior. Dois garis lhe ajudaram a tirá-la da pista. Não havia outros
motoqueiros por perto para socorrê-lo, nem muito menos alguma borracharia pelas
proximidades. Ainda estava distante do destino. O jeito era esperar debaixo do
viaduto até que a tempestade passasse. Como se não pudesse piorar, seu telefone
ficou sem bateria.
Apenas após quase quarenta minutos começou a
estiar. Já era noite. Empurrou a moto por quatro quilômetros até chegar ao
endereço. Nem imaginava como faria para consertá-la, muito menos como retornaria.
Pensou em desistir, mas o compromisso falava mais alto. Finalmente chegou ao
prédio. Tirou o capacete e trocou a máscara com a última que havia sobrado no
bolso. Mesmo com tudo molhado, desinfetou todo o seu equipamento antes de retirar
a encomenda. A loja avisou que precisava ser entregue em mãos. Observou aquele
belo embrulho com curiosidade, mas nem tentava imaginar o que haveria dentro. Com
a roupa encharcada subiu os degraus com passos pesados e lentos. Ainda bem que
era no primeiro andar. Perante o apartamento número sete tocou a campainha. Ouviu
suaves sons de sinos. Estava horas atrasado. Ao abrir a porta foi atendido por
uma senhora de sorriso gentil. Pelos olhos deduziu que fosse oriental ou descendente,
japonesa talvez. Quando lhe entregou o presente, abriu-o imediatamente com suas
mãos protegidas por luvas brancas: era um jarro com flores. Sentiu-se contente
pela moto não ter caído. Com certeza teria quebrado ou danificado as pétalas.
— São crisântemos. Sempre foram as minhas
preferidas — a idosa mulher disse subitamente.
— São muito bonitas — Respondeu com
espontaneidade, sem disfarçar a exaustão e a voz ofegante.
— Toda vez que eu fazia aniversário meu
esposo me presenteava com flores assim e continuei a recebê-las mesmo após sua
morte — Completou, já com as lágrimas acumulando-se nos sulcos dos olhos
escavados pelo tempo. Sem saber o que falar, ele apenas sorriu amavelmente.
— Por favor, entre e tome um pouco de chá —
Ofereceu, enxugando os olhos.
— Muito obrigado senhora, mas tenho que ir —
Agradeceu.
— Deixe-me então ao menos enxugar sua jaqueta
— E antes que pudesse dizer não, ela retirou seu casaco e rapidamente entrou
para dentro.
Por entre a porta entreaberta observou os porta-retratos
com diversas fotos dela com um senhor, provavelmente seu marido. Retornou alguns
minutos depois com o agasalho totalmente seco. Ambos disseram obrigado e em
seguida o motoboy desceu rumo à portaria. E ao apanhar as suas chaves no bolso,
encontrou aquele envelope. Dentro havia uma boa quantia de dinheiro e um
bilhete manuscrito: “Pela janela vi
quando você chegou. Muito grata por todo esforço. Atrás do edifício há uma oficina
aberta ainda. Sempre acredite em seu caminho”. Na hora sua reação foi apenas
agradecer olhando para o céu. Naquele momento percebeu como estava tão
estrelado.
sexta-feira, 7 de maio de 2021
CLT
Em suas mãos negras contemplava a carteira de trabalho aberta em branco. Da última entrevista de emprego, disseram que talvez ligariam até o fim da semana. Mesmo sendo sábado, ainda acreditava. Afinal hoje era 1º de Maio e quem sabe de fato fosse seu dia. A noite chegou e o telefone permaneceu em silêncio, porém, continuava ouvindo o próprio coração.
segunda-feira, 12 de abril de 2021
A JANELA AO LADO
Estava trancado há tantos dias que já havia perdido a noção do tempo. Ter sido contaminado pela Covid-19 era de longe seu menor pavor. Morrer sozinho e distante dos seus entes queridos sem direito nem ao menos a um velório, isso sim o assombrava. Seria como se morresse duas vezes. Por isso, apesar de doente, estava de algum modo feliz pela enfermidade não ter agravado ao ponto de interná-lo. Isolado naqueles cômodos, tinha a visita solitária do filho único (que, aliás, por sorte morava com a família no mesmo andar) e a vista unilateral da janela do quarto de onde raramente saía, cuja paisagem desolada de uma construção só lhe deixava mais deprimido e mal-humorado. Queria muito ver os netos, não apenas pela saudade, mas também por medo de ser hospitalizado após alguma piora e depois falecer de repente, sem ao menos guardar na memória uma lembrança recente deles. E quando da sua janela outra vez reclamava aos ventos por causa dos barulhos da obra, subitamente lhe veio uma ideia inusitada na mente ao observar a fachada do seu prédio. Um plano arriscado, porém, possível. Caminhar pela borda não muito estreita do edifício, passar por dois apartamentos vizinhos até chegar ao da sua família. Por esses dias já tossia bem menos e nunca teve qualquer medo de altura ou vertigem. Se caísse, talvez sobreviveria, pois eram apenas dois andares até o chão. Ao menos na hora assim raciocinou. “Já tem tempo que estou pronto para bater as botas mesmo” — pensou, ironizando a si mesmo. Sabia que naquela tarde toda a sua família estaria em casa. Era um dia quente e seco, sem ventos. Perfeito para aquele plano arriscado. Então, de meias apenas, após tirar os sapatos, foi caminhando lentamente pela borda da fachada, escorando na parede externa com as mãos e rosto. Teve o cuidado de usar máscara. Passava pelo primeiro apartamento. Reservado e antissocial como sempre foi, mesmo morando há anos por lá, nunca manteve amizade com vizinhos, e exceto pelo filho, a nora, os dois netos, o porteiro e a síndica, não conhecia ninguém direito daquele prédio, muito menos quem morava ao seu lado. Através do vidro fechado pode reparar num casal de uns trinta anos, distraidamente assistindo à TV com uma criança no berço. Retribuiu um sorriso que ela lhe deu. Alguns instantes depois já estava no próximo, com a janela aberta, mas protegida por uma tela. No peitoril interno um gato cochilava descansando mansamente. Deixou que lhe cheirasse a mão para não assustá-lo, o que acabou dando certo. Um pouco mais e finalmente chegaria à janela que tanto queria. Para sua sorte, as crianças mantinham-se deitadas no chão da sala lendo livros, estudando, possivelmente. Conseguia ouvir a voz do seu filho vinda da cozinha, conversando com a esposa justamente sobre ele. Estava preocupado com o pai. E com razão. Permaneceu estático, admirando-os apenas, sem ninguém notar. Foram seis minutos somente, mas que aos seus olhos valiam seus sessenta anos de vida. Acalmado o coração, decidiu fazer o caminho inverso antes que fosse descoberto. Foi regressando mais rápido do que havia ido. E quando já estava quase entrando de volta em seu quarto, de repente um dos operários da construção gritou: “— Olha que velho doido!”. Assustado pelo grito, perdeu o equilíbrio e começou a cair. Quando já preparava-se para a queda, sentiu alguém lhe segurando firme pelos braços. Rapidamente apoiou-se com a perna na varanda e entrou num salto pela janela aberta. Na hora só pensou em advertir aquela senhora que lhe socorreu sobre seu quadro de saúde. Ao ouvi-lo, ela respondeu com gracejo: “— Não se preocupe. Estou com coronavírus também!”. Tinha praticamente sua idade, vivendo igualmente sozinha em viuvez. Naquele dia, depois de muitas histórias compartilhadas, passaram a noite juntos. Pela manhã, só voltou para seu apartamento porque sabia que o filho o visitaria cedo. Subiu correndo pela escada com cuidado para não encontrar alguém ou tocar no corrimão. Repetiu o mesmo trajeto por semanas em segredo. Bem antes disso, os dois já estavam curados. Passados três meses, reuniram seus familiares para contar que iriam se casar no final de setembro. Continuaram a morar cada um em seu apartamento. Para manter o romantismo, sempre trocam cartas de amor, presentes e beijos lançados pelas janelas.
Geraldo Ramiere
terça-feira, 30 de março de 2021
OOPARTS
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
BLOCO DAS SAUDADES
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
ENCONTRO
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
“MACHISMO MATA”
“MACHISMO MATA”
Caso estes versos se chamassem
De
poesia ao invés de poema
E
usassem o nome Maria
Por exemplo,
já bastaria
Para
aumentar suas chances
De ser
agredida ou assassinada
No Brasil, somente em 2019
1314
mulheres e 124 pessoas trans
Foram
mortas unicamente
Por
causa dos seus gêneros
Segundo
dados oficiais
Ainda
inferiores à realidade
“O
machismo mata todos os dias”
Se esta
frase não é minha
A responsabilidade
é toda nossa
Geraldo Ramiere
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
A PRIMEIRA CHUVA DE PRIMAVERA
A PRIMEIRA CHUVA DE PRIMAVERA
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
ACORDES EM NÓS
ACORDES EM NÓS
domingo, 13 de setembro de 2020
LAVRAMENTO
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
FLUIDEZ
IMAGEM: pintura de Mari José Gaztelumendi
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
ALTA MIRAGEM - para o aniversário de 161 anos de Planaltina-DF
Tradutor
-
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