domingo, 2 de janeiro de 2022

Registro Fotográfico DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO DE GERALDO RAMIERE- LANÇAMENTO EM BRASÍLIA (LIVRARIA CIRCULARES) - 26-11-21

 Estas são algumas imagens do Lançamento Presencial do Livro DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO (editora Viseu) de Geraldo Ramiere, realizado no dia 26/11/21, das 19h às 21h, na livraria Circulares (CLN 13 Asa Norte, Brasília-DF). Registro fotográfico: Priscila Leite.













sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Lançamento em Brasília de DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO de Geraldo Ramiere

 


É com muita alegria que anuncio o lançamento do meu DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO na belíssima livraria CIRCULARES (113 norte, Brasília-DF), nesta próxima sexta-feira, dia 26/11/21, às 19h, onde a partir de agora meus livros estarão disponíveis (compras em pagamento com Pix ou cartão de crédito e débito). Divulguem e compareçam!
Receberemos mais um autor de Brasília para celebrar a literatura. Geraldo Ramiere lançará seu livro "Desencantares Para O Esquecimento", da @editoraviseu.
📔É o livro de estreia do autor, que reúne uma coletânea de poemas escritos ao longo de anos. Dividido em duas partes que marcam períodos de escrita distintos, com poesia e prosa se misturando numa musicalidade própria, em versos que se comunicam durante toda a obra. Ressoa intensamente sobre questões literárias, pessoais, sociais, existenciais através de variados estilos poéticos, melodias e memórias cultivadas durante uma vida inteira.
👉🏽Será dia 26/11, sexta-feira, aqui na Livraria Circulares (113 norte, bloco A).

✍Geraldo Ramiere é poeta e contista de Planaltina-DF, além de professor de História da SEDF e produtor cultural. Desde 2002 tem suas obras publicadas em forma escrita (periódicos, antologias e revistas literárias) e no meio virtual. Por várias vezes foi premiado em concursos literários e possuí o blog literário Céus Subterrâneos. Desencantares Para O Esquecimento é seu primeiro livro.


domingo, 31 de outubro de 2021

Registro Fotográfico DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO DE GERALDO RAMIERE- LANÇAMENTO EM PLANALTINA - 23-10-21

 Estas são algumas imagens do Lançamento Presencial do Livro DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO  (editora Viseu) de Geraldo Ramiere, realizado no dia 23/10/21, das 17h às 20h, no Complexo Cultural de Planaltina-DF. Registro fotográfico: Priscila Leite.








FOTOS: Priscila Leite

DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO DE GERALDO RAMIERE- LANÇAMENTO EM PLANALTINA - 23-10-21

 








LANÇAMENTO VIRTUAL DO LIVRO DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO DE GERALDO RAMIERE

No dia 23/09/21, quinta-feira, às 20h realizamos a live de Lançamento Virtual pelo YouTube do meu 1º livro DESENCANTARES PARA O ESQUECIMENTO (poemas), publicado recentemente pela editora Viseu. Nesta ocasião divulguei meu livro, com a participação poética mais que especial dos poetas Antonio Victor, Carol Araujo, Domício Chaves, Joésio Menezes, Muna Ahmad e da atriz Raquel Ely. Não perca! Aproveite e já se inscreva em meu canal. Grande abraço! Geraldo Ramiere ASSISTA A GRAVAÇÃO DA LIVE ACESSANDO:  https://www.youtube.com/channel/UC7cbSCf2s1D8UDZuUcq1uGA






SINFONIA DOS SENTIDOS

 SINFONIA DOS SENTIDOS

Misturei o barulho do invisível
Os sabores das vozes
A sonoridade dos aromas
E a aspereza do silêncio
Com a estridência do amargo
A luminosidade dos sussurros
O calor das nossas músicas
E os ecoares do seu perfume
Nesta sinfonia de sentidos
De incontáveis tonalidades
Reverberamos nos verbos
De várias suaves vibrações
Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, página 58, editora Viseu).

ALÉM DE SI


ALÉM DE SI 

                                                    Embora o espírito estremeça à lembrança                                                              e seja avesso ao pranto, começarei       Virgílio


Você veio como quem vem
Chegando já de partida
Vindo sem me dizer nada
Nem na hora da despedida
Você veio como um verso
Que ninguém escreveria
E de repente na gente nasce
Pouco a pouco em poesia
Você veio como vento leve
Que sopra quase sussurrando
Começando como brisa breve
E que logo vai aumentando
Quando se vê, vento forte vira
Então venta, venta, vendaval
Com revoltas em ventanias
Levando as vaidades do varal

Você veio sem aviso prévio
Nem como eu imaginaria
Feito uma chuva no deserto
Lua cheia em pleno dia
Você veio varrendo pra longe
Velhas verdades e feridas
Revirando pelo avesso
Respostas mal resolvidas
Você veio derretendo a neve
Nos telhados acumulando
E talvez como não se deve
Vim hoje enfim lhe revelando
Vida, vida, vem, me veja aqui
Venha comigo ser visceral
Para que possamos juntos
Inventar a nona nota musical

Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, páginas 125-126 , editora Viseu).

IMAGEM: pintura de Eugenio Zampighi 

TODOS OS LUGARES DE NENHUM LUGAR

 TODOS OS LUGARES DE NENHUM LUGAR

Mesopotâmia entre teus olhos
Atlântida imersa sob a retina
Pompéia coberta pelas cinzas
Destas tardes entristecidas
Tenochtitlán perdida nas ruínas
Das nossas cartas esquecidas
Constantinopla caindo invadida
Nos vazios de toda rotina
De Akhetaton a Brasília
De Pérsepolis a Planaltina
Às margens do Ganges
Do Amazonas ou do Nilo
Habitamos esquecimentos
Que nos ocupam em surdina
A memória é um monumento
Em uma cidade desconhecida
Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, páginas 66 , editora Viseu).
ARTE: pintura de Jacek Yerka

LIBERTÁRIA



LIBERTÁRIA

A poesia quer é estar nas ruas
Manifestar, gritar sem ordem
Sair dançando pelas avenidas
Rir pelos bares, ébria em bocas
Intensa, livre e libertária
Controversa e aversa às doutrinas
Versada em línguas soltas
E palavras desregradas
A poesia a ninguém pertence
Sendo somente dela mesma
É feminina, feminista e forte
Sabendo sangrar ao renascer

Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, páginas 27 , editora Viseu). 

O DESERTO DENTRO DO MAR

 

O DESERTO DENTRO DO MAR

"Cultivar o deserto/ como um pomar às avessas."
João Cabral de Melo Neto

Neste exílio em mim
Pelas areias do tempo
Olho para trás e reparo
Pegadas que meus pés
Descalços e cansados
Já não se lembram mais

À procura daquele navio
Há tantos anos afundado
Afoguei-me no imenso vazio
Do despejar das minhas águas
Explorando o deserto que sempre
Esteve dentro do meu mar
Andarilho da minha aridez
Encontrei lembranças, ossadas
E o sal das noites em lágrimas
Que eu não mais chorei

Após descobrir outros naufrágios
Que nem sabia que existiam
No meio de tantos destroços
Encontrei o que buscava

A partir desse momento me permiti
Fluir imensurável outra vez
E o deserto voltou a ser mar

Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, páginas 95 , editora Viseu). 

A DUQUESA DO AGRESTE E O MARQUÊS DO POMBAL

 Um cordel planaltinense inspirado em Romeu e Julieta.


A DUQUESA DO AGRESTE E O MARQUÊS DO POMBAL
"Só ri das cicatrizes quem nunca foi ferido."
William Shakespeare
Dizem as lendas que lá pelos sertões
Na antiga distante cidade de Planaltina
Entre os paralelos do Planalto Central
Uma guerra atormentava há gerações
Disseminando ódio além do que se imagina
Sem distinguir quem era do bem ou do mal
Num conflito entre duas diferentes regiões
Em que os inimigos faziam do medo rotina
De um lado o Agreste, do outro o Pombal
Não havendo lugar para paz ou perdões
Pois a cada vingança era uma nova chacina
Mesmo ninguém se lembrando do tiro inicial
Todavia, é o improvável que une os corações
E onde ódios ecoam, o amor surge em surdina
Nos trazendo a narrativa que conto sem igual
No bairro do Agreste, em meio às privações
Criou-se Dulce, dona de uma beleza nordestina
Que muito jovem manteve relação matrimonial
E seu esposo, conhecido como um dos barões
No tráfico foi morto, deixando-lhe viúva menina
Com uma filha pequena, sem qualquer capital
Sendo assim, ela decidiu assumir entre patrões
A posição do marido no comércio de cocaína
Tornando-se a Duquesa, vivendo o mundo real
E era jogando futebol desde garoto nos terrões
Que Marques aprendia o valor de sua melanina
Driblando preconceitos e a desigualdade social
Antes de seu tio matarem, dele era um dos aviões
Assumindo depois a boca da família e sua sina
Chamado agora Marquês, um traficante de moral
E ambos por pertencerem a diferentes facções
Mesmo sem se conhecerem, na rixa assassina
Eram rivais jurados por uma sentença fatal
Mas sucedeu que o acaso, ser dos mais foliões
Logo juntou esses dois num dia de festa junina
Num lugar que para aquele conflito era imparcial
E foi justamente numa barraca de quentões
De frente à Igreja Santa Rita, em noite libertina
Que a Duquesa e o Marquês se viram afinal
Ninguém sabe dizer como nascem as paixões
E nenhum deles poderia explicar patavina
De como surgiu aquele desejo tão abissal
Beijaram-se, sem imaginar as implicações
Desse encontro e daquela felicidade felina
Que terminaria em mais um resultado fatal
Quando os amigos viram, houve discussões
Acabando em tiroteio no meio da esquina
E mortes de ambos os lados, um desastre cabal
Era certo que haveria ainda mais retaliações
E Marquês e Duquesa em revanche repentina
Planejariam um pro outro a emboscada mortal
Semanas depois, fingindo suas reais intenções
Marcaram um encontro nos arredores da colina
Do Morro do Centenário, na Pedra Fundamental
E com receio dos X9s traiçoeiros e espertalhões
Encontraram-se em segredo, sozinhos na neblina
Armados e prontos para darem o disparo letal
Mas eles não conseguiram segurar as emoções
E no carro da Duquesa, sem som nem buzina
Fizeram amor, acordando noutro dia como casal
Desde então, juntos fugiram de todas as punições
Indo com a filha morar pros lados de Cristalina
Para nunca mais retornarem ao Distrito Federal
E voltaram a ser Dulce e Marques, sem ambições
Vivendo dias felizes, agora com a neta Marina
Até hoje apaixonados na parceria mais leal
E após tantos anos, continuam as conflagrações
Com muitas outras incríveis histórias clandestinas
Que iguais a este cordel, não aparecerão no jornal
Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, páginas 111-113 , editora Viseu).
IMAGEM: xilogravura de Rogério Fernandes

CIDADE AUSÊNCIA


CIDADE AUSÊNCIA

A cidade habita em meu peito
Nos pés fatigados e poemas
Nas minhas pálpebras de ressaca
E olhos iluminados pela insônia
Nesta manhã, nas tardes precoces
Noites pelos cigarros acesas
Em cada parede deste apartamento
Dentro daquela velha pintura
E em tudo aquilo que me falta
Planaltina é a Cidade Ausência
Que levo pelas ruas e ruínas
Que escrevo entre os becos
Que mastigo nas madrugadas
Que se embriaga comigo
E me ajuda a subir escadas
Dormindo em minha cama
Para depois pular da janela
Sobre segredos e telhados
Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, página 43, editora Viseu).
IMAGEM: foto de uma noite enluarada na Praça do Museu em Planaltina DF. Fonte: Portal Cerratense (http://cerratense.com.br/)

DIÁLOGO


DIÁLOGO
As palavras são tábuas rasas de salvação Muna Ahmad
Como ser outra linguagem
Que não fosse esta
Feita de cansaços?
Contemplo as palavras
Em suas cidadelas
De semânticas e sintaxes
A maioria agrupada
Em classes e locuções
Sob ordens gramaticais
Porém, há também aquelas
Sobrevivendo solitárias
Indefiníveis e arredias
E são tantas palavras
De todos os gêneros e tipos
Que me fogem à vista
Umas calmas e silenciosas
Outras agitadas e eloquentes
Muitas agiam indiferentes
Palavras simples, pomposas
Compostas, pobres, ricas
Padronizadas, excêntricas
Palavras enfáticas, inexpressivas
Alegres, tristes, agressivas
De monossílabas a palavrões
Palavras velhas e jovens
Algumas até gestantes
Grávidas de outras palavras
E, com cautela, delas aproximo
Aparentemente sem notarem
Ou somente me ignoram
Arrisco conversar com uma
Que me olha curiosa, contudo
Logo se afasta, talvez por receio
E ao abordar outras em vão
Percebo o medo que têm de mim
Escuto um tumulto
Uma palavra rodeada por outras
É agredida sozinha no chão
Não consigo me segurar
Aproximo e intercedo
Interrompendo a confusão
Levanto-a já machucada
É uma palavra estrangeira
Que assustada foge de lá
Algumas dessas palavras
Cercam-me mal-humoradas
Precavido, escuto calado
Acompanhando substantivos
Os pronomes me interrogam
E uma interjeição me adverte
Quando parecem satisfeitas
Deixam-me com uns numerais
E verbos que por ali transitavam
Pouco depois ouço um choro
Vindo de um canto morfológico
E encontro uma palavra
Abandonada, recém-nascida
Seguro-a nos braços e reparo
Que ela estava incompleta
Temendo que a machucassem
De lá partimos para bem longe
No caminho, senti-me seguido
E ao olhar para trás descobri
As incontáveis e diversas palavras
Que estavam a nos acompanhar
Hoje possuímos nosso próprio país
Onde nos pronunciamos livremente
Geraldo Ramiere (do livro Desencantares Para O Esquecimento, página 28, editora Viseu).
IMAGEM: arte de Alexander Aquarius.

Tradutor