Quando queimarmos todas as florestas
E cada folha for uma lágrima de fogo
Quando matarmos todas as matas
E derrubarmos a derradeira árvore
Qual outra natureza assassinaremos?
O que mais iremos desmatar e destruir?
Depois de derrubar a derradeira árvore
E restar apenas um devastador vazio
Quem culparemos por nossa desgraça?
Perante um planeta que já perecia
Permanecemos ignorando o que nos dizia
Implorando socorro por sinais de fumaça
Pode ser que nossas faces de ganância
Fiquem melhores respirando em máscaras
E depois de derrubar a derradeira árvore
O que ainda houver de verde e as cores
Destoantes do cinza, talvez sejam vistas
Com envergonhados e vorazes olhares
E quando juntos aos demais animais
Já estivermos quase sendo extintos
Pra que nos servirá poder e dinheiro?
Para quem tantos bens deixaremos?
Se o maior dos males já fizemos
Depois de derrubar a derradeira árvore
Geraldo Ramiere
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