Quando um poeta envelhece
Envelhece primeiro nas palavras
Em seus versos vemos
Surgirem rugas
E marcas de expressão
É onde encontramos
Os primeiros cabelos brancos
E sinais de calvície
Ficando a cada rima
Menos líricos e mais rabugentos
Com seus lapsos de memória
Para tal velhice
Não há receitas milagrosas
Ou cirurgias corretivas
Inevitavelmente
Em versos envelhecemos
E ao invés de velinhas
Assopramos sonhos
Sem pedido algum
Certas vezes
Como no caso meu
Ocorre o contrário
Nas palavras nascemos velhos
E aniversário após aniversário
Inversamente, rejuvenescemos
E as pessoas mais próximas
São as primeiras a notarem
Que somos Benjamins Buttons de poesia
O tempo do poeta é outro
Em seus relógios sem ponteiros
Esculpe lentamente o presente
Que oferta dentro do peito
Geraldo Ramiere
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