segunda-feira, 29 de junho de 2020

PANDEMIA

                                                       IMAGEM: pintura de Zdzislaw Beksinski

Quando percebemos, as pessoas já estavam doentes. Talvez porque no início os sintomas eram imprecisos, talvez porque não queríamos enxergá-los. O que parecia algo tão distante e improvável, não demorou para que dos primeiros caso isolados, logo chegássemos a uma contaminação em massa, atingindo praticamente o mundo todo. Já sabemos que é um mal antigo, numa forma nova e atual. Os governos dizem fazer de tudo para combatê-lo, porém parece haver interesses maiores. Uma parte de nós, alguns por medo, outros por cuidado, trancou-se em seus lares, prisioneiros de si mesmos, saindo apenas em extrema necessidade. Mas muitos continuaram nas ruas normalmente, ignorando todos os avisos. E o pior foi que a maioria não quis acreditar na existência dessa doença ou simplesmente não aceitou estar enferma. E mesmo nominada de pandemia, esta patologia chamo pelo nome: Ódio. As pessoas doentes de ódio foram contaminando outras, às vezes sem perceberem, muitas vezes com intenção. Milhões pelo ódio foram mortos, direta e indiretamente. E o pior nível da doença foi quando os doentes de ódio começaram a odiar os que não estão pelo ódio contaminados, como se os doentes fôssemos nós. Quanto a mim, ainda contemplo à esperança pelas janelas, abraçando cada porção de amor que me resta, curando-me antes mesmo que eu pudesse adoecer e tentando curar quem eu posso.

Por Geraldo Ramiere

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