sexta-feira, 12 de junho de 2020

LÁBIOS CERRADOS

Este sol escarlate
Pronuncia em minha boca
Palavras ardentes

Deixando-me na língua
Sílabas áridas
De um poema poente

E seca pelo verbo
Úmido do teu beijo
Espera feito semente
Para em versos brotar
Por entre rachaduras
Poéticas nascentes

Meus lábios cerrados
Sem que percebam
Movem-se lentamente
Vivos, vastos e entreabertos
Mesmo após queimados
Ao emudecer do que se sente

Geraldo Ramiere



     IMAGEM: pintura de Vladimir Kush (editada).

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