domingo, 14 de junho de 2020

“O ÚLTIMO CARNAVAL DO MUNDO”


Vou tirar a máscara da cidade
Para descobrir se ela é você
Ou se ainda sou apenas eu
Sem saber qual rua seguir
Hoje tive uma visão
Prevendo que nossa paixão
Iria chegar ao fim
Vou usar a máscara da cidade
Para dela me disfarçar
Entre becos e avenidas
Escondendo-me de mim
Danço passos que não tenho
Como um velho casarão
Que insiste em não ruir
Vou guardar a máscara da cidade
Junto com o calendário
Num embrulho de papel crepom
Chamem o maestro
E os anjos trompetistas
Chamem a princesa maia
E o pierrô lunar
Vou dar minha máscara pra cidade
Para comigo ela se confundir
Para através dela me enxergar
Chamem o profeta
E a última colombina
Chamem os embriagados
E a nossa alucinação.

Geraldo Ramiere

ARTE: pintura de Heitor dos Prazeres

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